04/01/2009, domingo lisboa.
saímos cedo para pegar um ônibus que nos deixaria no trevo a 6 Km da cidade. domingo parece que esquece de acontecer. decidimos ir caminhando até passar alguém. paramos para comprar frutas e uma kombi nos foi solicita. Júlio adiantou esse grande favor no marasmo da manhã. deixou-nos exatamente na saída, já na estrada.
nada mais que 20 minutos e um senhor parou. antes até de escrever nome na plaquinha. espaço pouco no carro. estufamos durante 180 Km. esqueci de qual cargo do exército ele é. viajava em direção à Vitória da Conquista-BA. passamos pelo trecho Guimarães Rosa. cogitamos mudar a rota, mas o outro lado da Bahia pelo Rio São Francisco nos apeteceu mais. pedimos, então, que nos deixasse em Montes Claros-MG. ele já tinha dado 2 caronas. dirigia desde o dia anterior. exaltou-se falando de política. Naírton foi a 12ª carona.
pegamos ônibus num posto na entrada da cidade de Montes Claros para atravessá-la. mais ou menos 350 mil habitantes. já era maior. não gostamos muito do que vimos. ruas esquisitas. sem vegetação. cinzas. dormidas. na saída da cidade, encaramos uma marmitex na beira da calçada.
um carro parou à frente, deu ré e nos ofereceu a 13ª carona para Januária-MG. um casal dos seus 40 anos. Rubens e Cida. conversando, descobrimos que era um táxi. mas ele percebeu que estávamos caronando. pediu apenas que ajudasse no combustível. cada um deu R$10. achei justo. eram mais 180 Km. o clima estava um pouco pesado. um silêncio preocupado. a mulher desabafou que seu filho tinha sofrido acidente de moto. o pneu furou no meio da viagem. paramos e ajudamos a trocar. no mais, falamos pouco. digerimos vendo a chuva sonsa...
DESCREIO
Já não se imagina
trejeito,
já não se quer
cansaço de velharia
no peito,
já se foge emoção
de um dia
de canto ligeiro,
já sem razão
se elimina
um rastro de engano,
mistura sem sono
de mistério
e devaneio.
04/01/2009
a caminho de Januária-MG
[...]
deixaram-nos na pousada do piadista Santo Lisboa. sujeito leve. zombou de nós com marimbondos. ofereceu café, suco de acerola e biscoito de polvilho. disse que não havia coisa melhor que a paz. tempestou: "ê chuva molhada...!". cobrou R$ 10 com café-da-manhã.
Januária-MG bem simpática. remeteu-me à Paraty-RJ. dividida entre cores. beira de rio bege e alagada. praça e sorveteria. tranquilidade. cheia de ruelas de domingo.
passeio.
desvios por poças. feira de comida e apresentação de forró a céu aberto. cervejinha em baixo de marquise. chuva. podrão da melhor qualidade.
sono pras caronas de segunda.
.
05/01/2009, segunda-feira, topo mineiro.
manhã bagunçada de feira. caminhamos pro lugar errado. um rapaz nos advertiu e nos guiou ao ponto certo. não havia saída bem definida. a cidade é afastada da estrada.
errando e voltando.
tivemos que dividir um táxi com outros sujeitos até Itacarambi-MG. R$ 9. um deles, conversando com o motorista, comparava as plantações do Brasil. afirmou que se em Mato Grosso ficasse tempos sem chover, como no sertão mineiro, o solo não aguentaria. exclamou ainda que plantar tomate dá dinheiro.
Itacarambi simpática. pretendíamos Bahia para terça-feira. estávamos próximos. seguimos adiante.
saída de Itacarambi.
em poucos minutos, Marcelo foi a 14ª carona. índio manso da tribo Xakriabá. um povoado entre as cidades de Itacarambi e São João das Missões (homenagem ao jesuíta missionário). já são bem adaptados e misturados aos homens locais. mas há ainda tradições e peculiaridades cotidianas (danças, rezas...). falamos de faculdade. interessou-se por fotos. cenário rochoso inesperado. pedra e mato. lugar à margem de Brasil.
Pedrinho, eu e Marcelo.
ficamos em São João das Missões-MG. vilarejo curioso. vibração religiosa.
inofensiva.
o jesuíta.
quanta agressividade...
logo, um carro nos deu atenção. subimos na caçamba e fomos comendo poeira de estrada encascalhada. 15ª carona com Fábio e seu filho Juninho até Manga-MG, destino final do dia. e última cidade ao norte de Minas. quase fronteira.
Juninho e eu empoeirando.
chegada esfomeada. passamos um tempo no porto das balsas tentando saber a melhor maneira de chegar à Bahia. estradas ruins. perigosas de assalto. melhor jeito seria no dia seguinte às 11h da manhã de lancha por R$ 15. pareceu razoável pelo tamanho do trajeto e divisa de Estado.
quase Bahia.
pela janela.
primeiro sussuro baiano: "ô rei, cês tão pagando promessa, é?!". moleque de bom astral que nos levou à pensão de Teresa Amaro. R$ 6 com direito a um cafézinho preto pela manhã. conversamos bastante sobre política. muito insatisfeita com a prefeitura, robalheiras e promessas já antigas. contou sobre muitos da cidade. e que seu filho morreu em assalto na estrada pra Bahia.
pensão amaro.
jogamos na loto fácil para trocar o dinheiro inteiro. comida com farofa e pimenta caseira. violão logo mais com amigos de calçada. um deles comentou meu cobridor de palha: "esse chapéu não pode beirar isqueiro!".
canção.
zZzzZ sono.
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pegamos ônibus num posto na entrada da cidade de Montes Claros para atravessá-la. mais ou menos 350 mil habitantes. já era maior. não gostamos muito do que vimos. ruas esquisitas. sem vegetação. cinzas. dormidas. na saída da cidade, encaramos uma marmitex na beira da calçada.
um carro parou à frente, deu ré e nos ofereceu a 13ª carona para Januária-MG. um casal dos seus 40 anos. Rubens e Cida. conversando, descobrimos que era um táxi. mas ele percebeu que estávamos caronando. pediu apenas que ajudasse no combustível. cada um deu R$10. achei justo. eram mais 180 Km. o clima estava um pouco pesado. um silêncio preocupado. a mulher desabafou que seu filho tinha sofrido acidente de moto. o pneu furou no meio da viagem. paramos e ajudamos a trocar. no mais, falamos pouco. digerimos vendo a chuva sonsa...
DESCREIO
Já não se imagina
trejeito,
já não se quer
cansaço de velharia
no peito,
já se foge emoção
de um dia
de canto ligeiro,
já sem razão
se elimina
um rastro de engano,
mistura sem sono
de mistério
e devaneio.
04/01/2009
a caminho de Januária-MG
[...]
deixaram-nos na pousada do piadista Santo Lisboa. sujeito leve. zombou de nós com marimbondos. ofereceu café, suco de acerola e biscoito de polvilho. disse que não havia coisa melhor que a paz. tempestou: "ê chuva molhada...!". cobrou R$ 10 com café-da-manhã.
Januária-MG bem simpática. remeteu-me à Paraty-RJ. dividida entre cores. beira de rio bege e alagada. praça e sorveteria. tranquilidade. cheia de ruelas de domingo.
passeio.
desvios por poças. feira de comida e apresentação de forró a céu aberto. cervejinha em baixo de marquise. chuva. podrão da melhor qualidade.
sono pras caronas de segunda.
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05/01/2009, segunda-feira, topo mineiro.
manhã bagunçada de feira. caminhamos pro lugar errado. um rapaz nos advertiu e nos guiou ao ponto certo. não havia saída bem definida. a cidade é afastada da estrada.
errando e voltando.
tivemos que dividir um táxi com outros sujeitos até Itacarambi-MG. R$ 9. um deles, conversando com o motorista, comparava as plantações do Brasil. afirmou que se em Mato Grosso ficasse tempos sem chover, como no sertão mineiro, o solo não aguentaria. exclamou ainda que plantar tomate dá dinheiro.
Itacarambi simpática. pretendíamos Bahia para terça-feira. estávamos próximos. seguimos adiante.
saída de Itacarambi.
em poucos minutos, Marcelo foi a 14ª carona. índio manso da tribo Xakriabá. um povoado entre as cidades de Itacarambi e São João das Missões (homenagem ao jesuíta missionário). já são bem adaptados e misturados aos homens locais. mas há ainda tradições e peculiaridades cotidianas (danças, rezas...). falamos de faculdade. interessou-se por fotos. cenário rochoso inesperado. pedra e mato. lugar à margem de Brasil.
Pedrinho, eu e Marcelo.
ficamos em São João das Missões-MG. vilarejo curioso. vibração religiosa.
inofensiva.
o jesuíta.
quanta agressividade...
logo, um carro nos deu atenção. subimos na caçamba e fomos comendo poeira de estrada encascalhada. 15ª carona com Fábio e seu filho Juninho até Manga-MG, destino final do dia. e última cidade ao norte de Minas. quase fronteira.
Juninho e eu empoeirando.
chegada esfomeada. passamos um tempo no porto das balsas tentando saber a melhor maneira de chegar à Bahia. estradas ruins. perigosas de assalto. melhor jeito seria no dia seguinte às 11h da manhã de lancha por R$ 15. pareceu razoável pelo tamanho do trajeto e divisa de Estado.
quase Bahia.
pela janela.
primeiro sussuro baiano: "ô rei, cês tão pagando promessa, é?!". moleque de bom astral que nos levou à pensão de Teresa Amaro. R$ 6 com direito a um cafézinho preto pela manhã. conversamos bastante sobre política. muito insatisfeita com a prefeitura, robalheiras e promessas já antigas. contou sobre muitos da cidade. e que seu filho morreu em assalto na estrada pra Bahia.
pensão amaro.
jogamos na loto fácil para trocar o dinheiro inteiro. comida com farofa e pimenta caseira. violão logo mais com amigos de calçada. um deles comentou meu cobridor de palha: "esse chapéu não pode beirar isqueiro!".
canção.
zZzzZ sono.
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2 comentários:
só caronando né seu moço!
:)
bjs
Cla.
Que sentimento é esse que dá nos caroneiros, de evitar cidades grandes?
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