10. alquimia

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10/01/2009, sábado acostumado.


café-da-manhã sublime com suco de goiaba e cuscuz de milho com banana fatiada. encontramos o pessoal de Salvador e seguimos juntos em direção à tirlha da cachoeira da fumaça.






a cada 10 metros de caminhada de trilha eu cambaleava emoção com aquele lugar. muita vida pulsante. uma paisagem única. passei pela impressão de não conseguir captar algum infinitésimo do que aquilo era. sentia uma absorção de ser em outra esfera.








e chegando aos finalmente, um choro de alma. paralisei por algum tempo entendendo o que seria vida, observando 380 metros de queda d'água. diálogo de cosmos entre homens, chuva, sol, som e cor. pássaro desliza ao vento e seu canto desvia. arco-íris formava túneis móveis. sopro divino.








passamos a tarde por lá e voltamos vendo o sol caindo. quase levei bicada de pássaros na testa. o mesmo caminho sob outra perspectiva encantava a íris.


renascendo vermelho.






voltando pro camping com chuva pouca da noite. jantar foi sopa com batata cozida e carne de soja. banho e volta na vila com violão nas costas. conhecemos Sol, Kamal e Fabí que tinha um violão todo bonito, cada casa era colorida de acordo com o timbre da nota. tocamos e cantamos juntos. bem legal. rolava um forró numa pequena boate a R$ 5, mas preferimos ficar pela rua. Sol contou das suas práticas esportivas e Kamal do seu gosto musical rockn roll, eles são irmãos.


violão colorido.


sono.


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11/01/2009, domingo, noite mágica na vila.



sem dúvida, os melhores cafés-da-manhã foram na Chapada. muito gostosos e baratos. caminhada até a vila. "bom-dia!" é saudação habitual. fomos surpreendidos pela feira de domingo - barracas de frutas, artesanatos, roupas e curiosidades. além disso, dança e arte marcial com um grupo capoeirista vindo de Salvador. parecia mesmo um evento, reuniu a maioria das poucas pessoas de lá e os visitantes. bem agradável.





reencontramos Sol e Kamal, que acabara de conhecer um quinteto - Elielma, Elisama (irmãs muito figuras), Mabel, Wallace e Hugo.
juntamos todos e na hora decidimos duas trilhas - rodas e rio preto. algum visual de queimadas antes de chegar.





mais uma vez, encanto pelos descaminhos. pedras respiram. anda-se rasgado em recompensa de ouro líquido.
a salvação do rejuvenescimento.




engolido por cor.


Pedrinho of rings.





almojanta em conjunto na copa da cozinha de Beli. descrições famintas imaginando como seria o banquete de prato feito. parecíamos amigos de colégio. marcamos bebedeira pra mais tarde.


almoço imaginário.


Pedrinho se ofereceu para fazer caipirinhas, mas é difícil arranjar gelo por lá. a água é potável e resfriada naturalmente, não há portanto procura por gelo em cubo no Vale. decidimos pelo vinho com violão.


quem?


noite junina pra domingo de verão. uma animação generalizada no ambiente. incrivelmente, a lua prateava o mais gorda possível. devia ter um quê desse feitiço. visível como o momento era propício a qualquer troca entre pessoas. aos poucos, todos se chegavam ao lugar que estávamos, na porta do,
já fechado, boteco central do Vale .



"junto e misturado" (Kamal).


cada um se oferecia pra tocar uma música. canto era em coro. baiano Hugo e suas três canções anunciadas. Kamal, com seu violão, ora puxava, ora acompanhava no improviso. Patrícia surgiu com estalo poético. interpretava algum texto próprio. puxei meu livro de poesias e se iniciou uma roda, intercalando leitura e música.


palavra sentida.


Mariana era fotógrafa. amigavelmente, usurpou a máquina sagrada do Pedrinho e começou a clicar todos que brotavam, inclusive o vira-lata que só ouvia. estórias, poesia, música e dança vararam madrugada. taparam a boca do silêncio e aceitou-se o calor humano.






mudamos todos para o outro canto do bar onde tinham umas mesinhas e a luz escondia. lá foi o momento do ápice musical, quando toquei uma música de Victor Jara chamada Puerto Montt. silenciador e emocionante.


mais pro canto.


imperatriz magia.

minhas palavras são irrisórias perto do acontecimento. esse lugar de rochas e plantas é rico em aprendizado. tão mais fácil saber de cores e som. vida nascente.

humanizar somente ao necessário, à arte.


nomeamos de " a noite mágica na vila"

e sono.



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2 comentários:

Anônimo disse...

bão, é o seguinte:
esses cafe da manha que tu bota aqui tao me matando! que delicias!
po, e quanta paisage!
lembro direitinho do dia que vc me ligou, eu tva no trabalho pra falar da magia que tva a chapada..
Cla.

Marcelo disse...

Cara, nunca me esqueço de um tocador com sua namorada, que viajava pela América Latina em busca desses momentos que vcs vivenciaram nessa noite. Um caçador de momentos mágicos.. Parece coisa de Lord of the rings!