01/01/2009, quinta-feira descansa.
sono. meditação. praia doce.
alargando limite.
carona de volta da praia com duas moças e o marido de uma delas no banco de trás "se não fosse meu marido, num parava procês não!". agradecemos e conversamos bastante. perguntaram se nossos pais estavam de acordo com o que fazíamos. caminhada pela cidade. lanche na padaria. sorvete. violão.
sono.
.
Vinícius foi elo
entre apolíneo
e belo,
infinito
entre erudito
e popular,
afeto
entre razão
e amar,
casamento
de explosão
com fragmento.
Sem dúvida,
foi certeza
de que a vida
é momento.
01/jan/2009
ao poeta Vinícius de Moraes
.
02/01/2009, sexta-feira, back to the road.
voodoo bú.
surpresinha de limão pra moça nada simpática da trincheira. caminhantes diurnos pela BR. presenciamos descuido. batida com sol morno. um dos carros custou a ver o quebra-molas cor-de-asfalto. pensei que viria briga. encostaram e se abraçaram.
trap-molas.
quase uma hora de dedo até, enfim, um coração de peso. um caminhão cegonha carregava uns 12 carros como carga. por que não mais dois caroneiros? 10ª carona com Maurício. jovem mineiro dirigia para Brasília. degrau alto. cabine espaçosa. ia nos deixar num conhecido posto JK de meio de estrada. lamentou a relação com a esposa, não sabia se estavam bem e como ia ser quando voltasse pra casa. tem um casal de filhos. contou que perdeu o freio na estrada da morte entre São Paulo e Paraná. entre outras estórias de estrada. não custou muito em chegar.
confissão...
não sentimos firmeza no posto. era distante do trevo e limitava opções. a maioria que passava ali, ia pra Brasília mesmo. tivemos que caminhar mais um bocado. revesamos sombra de árvore. enquanto um pedia carona, outro refrescava. pelo mapa, Pirapora-MG parecia um destino razoável.
foto e fotografia.
casa de beira.
espera que vem...
tentativa de 1 hora e meia. decidimos voltar ao posto. ou parar em outro ponto. enfim, deslocar dali. as decisões giram a roleta. conseguimos parar um carro enquanto andávamos. encostou ainda na curva e aceitou nos levar. quanta alegria persistia. 11ª carona com o boa praça Udson.
carona é muito macio.
rapaz bem novo. 30 anos, no máximo. curtiu demais nossa viagem. deu dicas de Minas Gerais. ofereceu qualquer tipo de ajuda ao seu alcance. deu seus contatos. contou que aprendeu a ter cautela na estrada desde que capotou com o carro a 140 Km/h. ainda bem. passamos por fumaceira de carvão jorrado de algum caminhão.
registro jornalístico.
sugeriu a cidade de Buritizeiro-MG, vizinha de margem de Pirapora. dividas pelo São Francisco. mais sossegada e barata, entretanto. topamos.
ultrapassagem.
chegada tímida. atravessamos a desorganizada rua principal de carro com o já companheiro. simpatia de lugar. deixou-nos num quiosque beira de rio. ao lado de uma ponte de travessia à Pirapora. assim, seria possível conhecer as duas cidades. despedimos de Udson que ainda tinha entregas a fazer. já decidíamos o fim-de-semana.
Velho Chico divisor de terras.
antes de arranjar estadia, decidimos cozinhar um macarrão ali mesmo. sem querer, despejei água quente no Pedrinho. preocupação. recolhemos e fomos a um hospital. aguardei do lado de fora. o silêncio vinha do sol. som pedia licença. tudo tranquilo, sem queimaduras. só susto. caminhamos estampados de calor pelos infinitos do interior. pensão de Valdemar e Luzianita. simpáticos mudos. R$ 12,50 com café-da-manhã. fomos aproveitar o dia com andanças e fotos.
quarto 6.
buritizeiro em dia comum.
chão de trem.
esperamos um choro dar trégua. cruzamos, enfim, a grande ponte. o céu engordava branco. terra sorria verde. o interior desvenda fantasia. não se entende certezas.
piraporando.
parece que andar afasta perigo. arrasta medo pra longe. as aberturas nos eram muito sinceras. pedidos de informação geravam descomeço. a violência de cidade grande é remetida em aperto de mão. está dissipada. ignorante do que é humanidade, independente de religião. sentir essas vibrações genuínas me expurgaram crostas sociais. crer é trivial.
ou não.
essa percepção se dava intensamente leve. cada contato diferente. em Pirapora, por exemplo, num pequeno canto de sapateiro. seu Osmar intrigava paz. amansava qualquer afazer. avisou que o famoso barco Gaiola, que antes percorria grande parte do Rio São Francisco (de MG à BA), não era mais ativo. a seca bebe águas. mais a frente teríamos que saber como atravessar parte dos sertões mineiro e baiano.
Osmar e dupla.
reconhecendo o local.
farejamos banho. havia pequenas quedas de rio barrento. uma pseudopraia. conversa com Edmílson cervejeiro. conterrâneo de Pirapora, trabalha em Brasília. voltamos à Buritizeiro antes do anoitecer. disseram que a ponte ficava perigosa para atravessar. menos que o Rio de Janeiro, aposto.
é ouro em pó que reluz.
veludo.
noite pacata pelos escuros de Buritizeiro. boteco sinuqueiro masculino. vento de bêbado na calçada. realmente incrível perceber os espaços de silêncio tão respeitados. cansaço de dia longo.
sopinha.
pronde?
janta. desenho. conversa. sono.
.
03/01/2009, sábado morno, queimado porém.
café-da-manhã na sala de Luzianita assistindo tv. uma repórter entrevistava um praiano no arpoador, no Rio de Janeiro. fez-me lembrar o quanto me distanciava de casa. pegamos fôlego e caminhamos em direção à Pirapora com as malas. deixamos pra pegar estrada no domingo somente. sábado era ruim.
saída da pousada luzianita.
pousada no centro. R$ 12,50 com café-da-manhã. o mais bem servido, até então. cheio de regras numa folha dentro do quarto. relaxando o sábado no Velho Chico. o sol até ardeu demais a pele. primeiro verão nos ombros. na praça, um ônibus turístico, ou sei lá o quê, tocava uma música bem alto e alguns personagens fantasiados ilustravam o passeio. polpeye e fofão se destacavam. fomos buscar as máquinas e eles já tinham saído, infelizmente. aproveitamos para mais fotos.
o silêncio azul.
até reis.
violão na praça. começou a ventar forte e chover. corremos pra lanchonete. soda de garrafinha. o pessoal gostou do som.
gabriel fm.
de volta à pousada. dia seguinte seguiríamos ainda sem muita certeza. Montes Claros-MG, talvez. não queríamos entrar em cidade grande. é bem pior o deslocamento, sobretudo, conseguir caronas. mas, por outros caminhos, as estradas não estavam boas. seria ideal chegar à Januária-MG, mais ao norte. seriam 360 Km de rota.
boa noite. boa sorte.
.
trap-molas.
quase uma hora de dedo até, enfim, um coração de peso. um caminhão cegonha carregava uns 12 carros como carga. por que não mais dois caroneiros? 10ª carona com Maurício. jovem mineiro dirigia para Brasília. degrau alto. cabine espaçosa. ia nos deixar num conhecido posto JK de meio de estrada. lamentou a relação com a esposa, não sabia se estavam bem e como ia ser quando voltasse pra casa. tem um casal de filhos. contou que perdeu o freio na estrada da morte entre São Paulo e Paraná. entre outras estórias de estrada. não custou muito em chegar.
confissão...
não sentimos firmeza no posto. era distante do trevo e limitava opções. a maioria que passava ali, ia pra Brasília mesmo. tivemos que caminhar mais um bocado. revesamos sombra de árvore. enquanto um pedia carona, outro refrescava. pelo mapa, Pirapora-MG parecia um destino razoável.
foto e fotografia.
casa de beira.
espera que vem...
tentativa de 1 hora e meia. decidimos voltar ao posto. ou parar em outro ponto. enfim, deslocar dali. as decisões giram a roleta. conseguimos parar um carro enquanto andávamos. encostou ainda na curva e aceitou nos levar. quanta alegria persistia. 11ª carona com o boa praça Udson.
carona é muito macio.
rapaz bem novo. 30 anos, no máximo. curtiu demais nossa viagem. deu dicas de Minas Gerais. ofereceu qualquer tipo de ajuda ao seu alcance. deu seus contatos. contou que aprendeu a ter cautela na estrada desde que capotou com o carro a 140 Km/h. ainda bem. passamos por fumaceira de carvão jorrado de algum caminhão.
registro jornalístico.
sugeriu a cidade de Buritizeiro-MG, vizinha de margem de Pirapora. dividas pelo São Francisco. mais sossegada e barata, entretanto. topamos.
ultrapassagem.
chegada tímida. atravessamos a desorganizada rua principal de carro com o já companheiro. simpatia de lugar. deixou-nos num quiosque beira de rio. ao lado de uma ponte de travessia à Pirapora. assim, seria possível conhecer as duas cidades. despedimos de Udson que ainda tinha entregas a fazer. já decidíamos o fim-de-semana.
Velho Chico divisor de terras.
antes de arranjar estadia, decidimos cozinhar um macarrão ali mesmo. sem querer, despejei água quente no Pedrinho. preocupação. recolhemos e fomos a um hospital. aguardei do lado de fora. o silêncio vinha do sol. som pedia licença. tudo tranquilo, sem queimaduras. só susto. caminhamos estampados de calor pelos infinitos do interior. pensão de Valdemar e Luzianita. simpáticos mudos. R$ 12,50 com café-da-manhã. fomos aproveitar o dia com andanças e fotos.
quarto 6.
buritizeiro em dia comum.
chão de trem.
esperamos um choro dar trégua. cruzamos, enfim, a grande ponte. o céu engordava branco. terra sorria verde. o interior desvenda fantasia. não se entende certezas.
piraporando.
parece que andar afasta perigo. arrasta medo pra longe. as aberturas nos eram muito sinceras. pedidos de informação geravam descomeço. a violência de cidade grande é remetida em aperto de mão. está dissipada. ignorante do que é humanidade, independente de religião. sentir essas vibrações genuínas me expurgaram crostas sociais. crer é trivial.
ou não.
essa percepção se dava intensamente leve. cada contato diferente. em Pirapora, por exemplo, num pequeno canto de sapateiro. seu Osmar intrigava paz. amansava qualquer afazer. avisou que o famoso barco Gaiola, que antes percorria grande parte do Rio São Francisco (de MG à BA), não era mais ativo. a seca bebe águas. mais a frente teríamos que saber como atravessar parte dos sertões mineiro e baiano.
Osmar e dupla.
reconhecendo o local.
farejamos banho. havia pequenas quedas de rio barrento. uma pseudopraia. conversa com Edmílson cervejeiro. conterrâneo de Pirapora, trabalha em Brasília. voltamos à Buritizeiro antes do anoitecer. disseram que a ponte ficava perigosa para atravessar. menos que o Rio de Janeiro, aposto.
é ouro em pó que reluz.
veludo.
noite pacata pelos escuros de Buritizeiro. boteco sinuqueiro masculino. vento de bêbado na calçada. realmente incrível perceber os espaços de silêncio tão respeitados. cansaço de dia longo.
sopinha.
pronde?
janta. desenho. conversa. sono.
.
03/01/2009, sábado morno, queimado porém.
café-da-manhã na sala de Luzianita assistindo tv. uma repórter entrevistava um praiano no arpoador, no Rio de Janeiro. fez-me lembrar o quanto me distanciava de casa. pegamos fôlego e caminhamos em direção à Pirapora com as malas. deixamos pra pegar estrada no domingo somente. sábado era ruim.
saída da pousada luzianita.
pousada no centro. R$ 12,50 com café-da-manhã. o mais bem servido, até então. cheio de regras numa folha dentro do quarto. relaxando o sábado no Velho Chico. o sol até ardeu demais a pele. primeiro verão nos ombros. na praça, um ônibus turístico, ou sei lá o quê, tocava uma música bem alto e alguns personagens fantasiados ilustravam o passeio. polpeye e fofão se destacavam. fomos buscar as máquinas e eles já tinham saído, infelizmente. aproveitamos para mais fotos.
o silêncio azul.
até reis.
violão na praça. começou a ventar forte e chover. corremos pra lanchonete. soda de garrafinha. o pessoal gostou do som.
gabriel fm.
de volta à pousada. dia seguinte seguiríamos ainda sem muita certeza. Montes Claros-MG, talvez. não queríamos entrar em cidade grande. é bem pior o deslocamento, sobretudo, conseguir caronas. mas, por outros caminhos, as estradas não estavam boas. seria ideal chegar à Januária-MG, mais ao norte. seriam 360 Km de rota.
boa noite. boa sorte.
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3 comentários:
e as fotos estão fantásticas!
as fotos estão fatásticas!
ah! arrasou no poema ao vinicius
lindo demais
beijos,
Clarice.
Cara, tô pirando no relato!! Parece que a magia do rio São Francisco começa por um portal entre Pirapora e Buritizeiro. De ai em diante, algo diferente vem acontecer. E é incrível como o povo do interior é pacífico, né? Faca, só para cortar comida mesmo!
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